A viabilidade econômica e a comercialização do Pirarucu oriundo de manejo sustentável na Amazônia foram tema central de evento que reuniu representantes do setor e culminou em vivência gastronômica no Instituto Terroá

Entre os dias 24 e 29 de outubro, o Instituto Terroá participou de uma série de vivências, junto a representantes da Associação dos Produtores Rurais de Caruari – ASPROC, do Memorial Chico Mendes, do IBAMA e da cooperação técnica alemã (GIZ), que marcaram a Semana do Pirarucu Selvagem.

A programação começou em São Paulo capital, com um evento de comercialização de pescado. Depois ocorreram reuniões com especialistas em abate, processamento, equipamentos para frigoríficos e rastreabilidade do pescado, com o objetivo de discutir e aprimorar alguns pontos da cadeia de processamento do pirarucu e a planta de processamento que está sendo construída em Caruari pela ASPROC, junto com o coletivo do pirarucu.

Outra vivência proporcionada pelo encontro foi a visita a um produtor local de peixes em Piracicaba, o Bruno do pesqueiro Pompéia – que inclusive produz o pirarucu, e a visita a Rua do Porto, famosa pelos restaurantes que comercializam diversos pescados da região amazônica e que recebe turistas de todo o estado de São Paulo.

Um dos pontos altos da semana foi a reunião em Ipeúna, no centro de pesquisa e desenvolvimento da Korin, em que foi apresentado a importância das certificações na valorização e posicionamento dos produtos. Certificações como Fair Trade, Bem-estar Animal, Orgânicos, entre outras, são passíveis de serem implementadas pelo Pirarucu oriundo de manejo e podem ajudar na valorização social e ambiental que está por trás do produto final.

Em clima de celebração e para finalizar os eventos, o Chef Henrique Campos, do restaurante Viva! Lounge Bar em Piracicaba, preparou uma série de pratos junto com o cozinheiro oficial do Instituto Terroá, Seu Sidney. Foi uma noite especial de muita troca e sensibilização entre os presentes. Como resultado depois de fazer testes com o Pirarucu, o Chef Henrique decidiu organizar um jantar beneficente em que o prato principal será o Pirarucu de manejo.

O Pirarucu é uma das maiores espécies de peixe com escama de água doce do mundo, que está em risco de extinção graças a pesca predatória. Por isso, ribeirinhos e comunidades tradicionais da Amazônia, há alguns anos, decidiram ajudar a recuperar os estoques naturais da espécie, o que acabou se tornando uma alternativa de renda sustentável para eles.

Isso porque no período de cheias no estado do Amazonas, quando os rios enchem e formam lagos naturais que servem de abrigo para reprodução e alimentação do Pirarucu, eles conseguem contar a quantidade de Pirarucus que habitam esses lagos com uma precisão incrível, já confirmada pela ciência tradicional.

A partir desse conhecimento, são emitidas as licenças de pesca que permitem a retirada entre 20 a 30% dos animais contados em cada lago. Com o passar dos anos e análise dos dados gerados, foi possível observar um aumento significativo do número de Pirarucus nos lagos onde ocorre o manejo da pesca.

O instituto Terroá colaborou com um estudo para o diagnóstico dessa cadeia do pescado desde a origem nos lagos até o processamento na região de Manaus e a comercialização. O olhar do trabalho foi no sentido de encontrar formas para valorizar o trabalho dos manejadores para que tenham um retorno justo por sua atividade não só de pesca, mas também de preservação da espécie, dos ambientes que ocorrem e das próprias comunidades que habitam essas regiões.

Para Rafael Barone, coordenador do projeto, o sentimento ao final da semana foi de muita alegria e satisfação pelo fortalecimento da parceria com todas as entidades que fazem parte do coletivo do Pirarucu e também de consolidação de ações e encaminhamentos que se originaram no estudo de diagnóstico da cadeia do pirarucu.

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