Desde o início de 2019, o Instituto Terroá apoia a Associação dos Agentes Ambientais de Itaú de Minas – AAGAIM, dentro do Programa ReDes, uma parceria do BNDES com o Instituto Votorantim (IV) e a Votorantim Cimentos, empresa presente no município do sul de Minas Gerais. O objetivo principal do projeto é o desenvolvimento da AAGAIM, permitindo o acesso a capacitações, assessorias e a recursos para equipamentos e instalações, quando verificada maior maturidade do empreendimento. Além da inclusão profissional das catadoras e do aumento da sua renda, o projeto também objetiva apoiar a expansão da capacidade de realização da coleta seletiva, da triagem e destinação adequada de resíduos recicláveis no município.

Para o Instituto Terroá, é fundamental que o desenvolvimento das cooperativas ocorra a partir do protagonismo de suas lideranças, em outras palavras, é necessário que ocorra o incremento na autonomia da organização e de seus membros, para que os resultados sejam de fato sustentáveis e as ferramentas de gestão adaptadas e incorporadas ao seu contexto. Sendo assim, nos processos de incubação de empreendimentos do Instituto Terroá, cofundador da metodologia Co-Labora com professoras da USP Ribeirão Preto, promove-se a formação na prática, com assessoria constante à liderança na gestão profissional, e com a realização de oficinas e diálogos sobre as temáticas fundamentais do empreendimento e da economia solidária em assembleias coletivas.

O projeto teve início pelo diagnóstico da organização, objetivando a construção participativa de um plano de ação para o ano de 2019. Nessa etapa, foi adotada como uma das ferramentas a Escala de Maturidade para Cadeias da Sociobiodiversidade, elaborada pelo Instituto Terroá e adaptada para o contexto de resíduos sólidos, criando a Escala de Maturidade de Cooperativas de Catadorxs. O resultado foi a base para a definição do maior objetivo, pactuado junto com o grupo, como sendo a migração da AAGAIM para a Unidade de Triagem e Compostagem – UTC do município, já que tal instalação física demandaria a implementação de uma rotina de trabalho em equipe e a definição de processos de gestão estratégica, operacional e solidária do grupo na prática.

O trabalho desenvolvido passou por capacitações do grupo a respeito de cooperativismo e economia solidária, trabalho em equipe e resolução de conflitos e pela assessoria na revisão dos seus instrumentos de gestão, como planilhas de controle de materiais, fluxo de caixa, distribuição de sobras e regimento interno. Em outra frente, foi apoiada a articulação com a prefeitura do município, com foco na capacitação de agentes de saúde e implementação da coleta seletiva na cidade. O ano de 2019 se encerrou com o início dos trabalhos na UTC, como planejado e, principalmente, como desejado pelo grupo e pela prefeitura dentro dessa articulação.

A AAGAIM vem sendo apoiada pela Votorantim Cimentos desde 2016 com ações voltadas ao fortalecimento do grupo. A partir de 2019 o projeto passou a integrar o Programa ReDes, tem duração prevista de até dois anos no modelo de incubação e pode se estender por mais três anos no modelo ReDes Negócios, momento em que o grupo pode receber, além da assistência técnica, investimento estruturante para o negócio. Diante dos resultados apresentados em 2019, o projeto foi renovado para o ano de 2020, com alguns marcos a serem alcançados: assinatura de convênio de médio a longo prazo com a prefeitura; melhoria nos processos produtivos e de gestão colaborativa na UTC; além da capacitação da AAGAIM para próxima etapa do Programa ReDes.

Por conta da pandemia, diante da impossibilidade da realização de atividades presenciais, foram promovidas ações de adaptação ao contexto, como replanejamento do uso de um capital-semente para compra de EPIs e o apoio à distância em reuniões virtuais semanais com a diretoria, o que permitiu que o impacto da suspensão de campo fosse significativamente minimizado. O próprio grupo também se organizou em rodízios, para ter maior distanciamento entre trabalhadores, e reforçou as práticas de higiene no galpão e o uso dos EPIs.

Apesar das dificuldades trazidas pelo novo cenário social, os resultados do trabalho estão sendo obtidos pouco a pouco. A renda dos catadores e catadoras, comparando o período de trabalho individual, antes da UTC, com agora no galpão coletivo, já aumentou em média 50%. A implementação da coleta seletiva no município teve início em junho e a queda no volume triado foi compensada com a diversificação de vendas (pneus, por exemplo). Os processos administrativos, operacionais, financeiros e de gestão participativa estão evoluindo, o que indica que a AAGAIM seguirá nesse percurso de fortalecimento do Programa ReDes.

É fundamental que as prefeituras, as grandes empresas, os grupos de catadores e catadoras e a população trabalhem juntos para que a gestão de resíduos sólidos municipal seja de fato compartilhada, responsável e inclusiva, e Itaú de Minas (MG) vem sendo um exemplo na construção desse diálogo e articulação, com engajamento ativo da prefeitura, da Votorantim Cimentos e da AAGAIM.

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